
Ó idos de Nitrogénio
NO


Biossíntese do NO
A síntese endógena do óxido nítrico (NO) ocorre a partir de um substrato nas células nervosas, nas células endoteliais e do sistema imunitário.
O substrato endógeno a partir do qual o NO é sintetizado é o aminoácido L-arginina através da ação da enzima sintetase do óxido nítrico (do inglês, Nitric Oxide Synthase – NOS), estando este processo dependente da presença de oxigénio (O2) e NADPH, verificando-se também a produção de L-citrulina (figura 1) [2].
Figura 1 - Produção de NO a partir do aminoácido L-arginina por ação da enzima sintetase do óxido nítrico. Adaptado de [2].
Existem três isoformas da enzima sintetase do óxido nítrico, sendo que duas isoformas são constitutivas, nomeadamente a isoforma neuronal e a endotelial, existindo ainda a isoforma indutível. Estas isoformas diferem entre si na sua localização e providenciam diferentes perfis temporais e de concentração do NO produzido [1]. Por outras palavras, as isoformas diferem entre si pela duração da produção de NO e a concentração de NO gerada localmente.
Figura 2 - Diferentes isoformas da enzima sintetase do óxido nítrico.
A isoforma indutível é capaz de produzir NO em quantidades mais elevadas e durante um período de tempo mais prolongado [1]. Esta isoforma indutível exerce um papel fundamental no sistema imunológico, durante a resposta inflamatória, visto que se encontra presente nos macrófagos e nos neutrófilos e o NO produzido neste contexto causa danos oxidativos e letais aos microrganismos patogénicos [2].
A isoforma neuronal está presente nos neurónios e o NO parece atuar como neurotransmissor, participando também na plasticidade sináptica e facilitando a libertação de outros neurotransmissores e hormonas [2].
O estímulo fisiológico mais importante para a síntese endotelial de NO é o stress mecânico exercido nos vasos sanguíneos e reconhecido por mecanorrecetores endoteliais.
Os agonistas que aumentam o AMP cíclico nas células endoteliais também influenciam a fosforilação da isoforma endotelial assim como a insulina [3].
Em suma, o NO exerce vários papéis fisiológicos, participando na vasodilatação (importante para a regulação da pressão arterial e para o fenómeno de ereção peniana) e na proteção, sendo utilizado pelos leucócitos como bactericida e fazendo parte dos processos inflamatórios. Participa ainda no processo de neurotransmissão, funcionando como um segundo mensageiro intracelular, modulando a atividade de algumas enzimas fundamentais, tendo também a capacidade de regular a sua própria produção através de um processo de “feedback negativo” [3].
Em determinadas concentrações, o NO inalado causa dilatação dos vasos da circulação pulmonar sem afetar a circulação sistémica e já foram usadas concentrações relativamente altas por curtos períodos de tempo no tratamento de doenças sistémicas sem terem sido reportados efeitos adversos [4].
A figura 3 esquematiza algumas das propriedades do óxido nítrico (NO).
Figura 3 - Algumas das propriedades atribuídas ao óxido nítrico (NO).
Referências
[1] Thomas, DD. et al. (2008). The Chemical Biology of Nitric Oxide. Implications in Cellular Signaling. Free Radical Biology and Medicine, 45(1), 18-31.
[2] Barreto, R. et al. (2005). Óxido Nítrico: Propriedades e Potenciais Usos Terapêuticos. Quim. Nova, 28(6), 1046-1054.
[3] Rang, H. et al. (2003) Farmacologia. (5 ed., p.238-239). Londres: Elsevier.
[4] UNEP/ILO/WHO (1997). International Programme on Chemical Safety. Environmental Health Criteria 188: Nitrogen oxides. Retirado de http://www.inchem.org/documents/ehc/ehc/ehc188.htm a 24 de Maio de 2014.


Composto molecular
Aminoácido
L-arginina
Danos biomoleculares (produção descontrolada)
Enzima Sintetase do Óxido Nítrico
Papéis Fisiológicos
Elevada
reatividade
Tempo de vida
muito curto