
Ó idos de Nitrogénio
NO


Exposição aos NOx
Relativamente aos tipos de exposição, os humanos contactam com os NOx de diversas formas e a exposição varia de acordo com o ambiente em questão, isto é, a exposição é diferente caso se tratem de espaços fechados ou do próprio meio ambiente.
Em regra, o Homem está mais exposto aos NOx nas cidades onde o grau de poluição é mais elevado, comparativamente com o campo onde o ar é considerado popularmente como sendo “mais puro” [1].
Figura 1 - "Smog" em Los Angeles [2].
Verifica-se uma exposição simultânea ao NO e ao NO2 dificultando o processo de discriminação e atribuição dos efeitos verificados a uma ou outra espécie [1].
Efeitos observados
Antes de mais, importa referir que os dados que se seguem têm apenas carácter informativo e não devem servir como motivo de alarme, uma vez que os seguintes efeitos, geralmente, só se verificam quando ocorre a exposição a elevadas concentrações de NOx ou como consequência de uma exposição a longo prazo.
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Exposição Aguda[2]
- os sinais ou sintomas podem incluir tosse e queimaduras na garganta e no trato respiratório inferior, náuseas, dores abdominais, fadiga e dispneia.
- exposições severas ao NO podem causar metaemoglobinemia, hipóxia, edema e inflamação pulmonares e diminuição da resistência vascular pulmonar, particularmente em pacientes com doença cardíaca ou hipertensão pulmonar.
O edema pulmonar pode surgir entre as 4 e as 24 horas após a exposição, comprometendo a função respiratória e podendo causar asfixia.
- pode surgir acidose na sequência da anoxia.
- na pele, nos olhos e nas mucosas causa irritação.
- pode surgir conjuntivite não necessariamente devido ao NO (óxido nítrico) quando o NO2 está presente.
- no sistema cardiovascular pode verificar-se hipotensão.
Os sintomas latentes incluem: nervosismo, taquipneia, cianose, confusão mental, letargia e, por último, perda de consciência.
O NO exerce menores efeitos tóxicos nos pulmões do que o NO2 . O NO é oxidado no ar devido á presença de oxigénio para formar NO2 que por sua vez e em concentrações tóxicas, pode reagir com a água presente no trato respiratório formando ácido nítrico (HNO3).
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Exposição Crónica [2]
- comprometimento da função pulmonar mesmo na ausência de sintomas agudos.
- aumento da vulnerabilidade a infeção respiratória devido à exposição ao dióxido de nitrogénio.
Risco (atenção):
Os indutores da formação de metaemoglobina são considerados perigosos para o feto [2].
Carcinogenecidade (IARC - International Agency for Research on Cancer)
Os NOx ainda não se encontram classificados quanto aos efeitos carcinogénicos [3]. Contudo, estão integrados no grupo de compostos com elevada prioridade para a elaboração futura de uma monografia pela IARC [4].
Genotoxicidade:
O óxido nítrico (NO) é genotóxico uma vez que já foram observadas alterações ao nível do DNA, mutações em células de mamíferos e alterações cromossomais na Drosophila [2]. Como se trata de um composto genotóxico, não existem limites de segurança estabelecidos relativamente à dose capaz de promover genotoxicidade.
Tratamento em caso de exposição[2]
- Exposição oral: uma vez que o óxido nítrico se trata de um gás à temperatura ambiente, a exposição oral normalmente não ocorre.
- Exposição por inalação:
- o paciente deve ser retirado do local onde ocorreu a exposição e a sua função respiratória deve ser monitorizada.
- se se verificar tosse ou dificuldade em respirar, deve-se avaliar a irritação do trato respiratório e eventual presença de bronquite ou pneumonite.
- deve-se administrar oxigénio e pode ser necessário recorrer-se à ventilação assistida.
Tratamento de eventual broncospasmo: com agonista-β2 adrenérgico administrado por inalação.
Em caso de edema pulmonar: é frequente recorrer-se à ventilação assistida com utilização do oxigénio. Quando há uma componente inflamatória associada, usam-se corticosteroides.
Em caso de danos pulmonares: pode ser necessária a ventilação mecânica com oxigenação e monitoriza-se com frequência a concentração dos gases presentes no sangue arterial.
Por vezes, faz-se também a determinação da concentração da metaemoglobina e avaliação dos efeitos clínicos da metaemoglobinemia como a dispneia, cefaleia, fadiga, depressão do sistema nervoso central, taquicardia, acidose metabólica. Quando as concentrações de metaemoglobina se encontram acima dos 20 % a 30 %, recorre-se ao tratamento dos pacientes com azul-de-metileno. Este último composto também é utilizado em pacientes com anemia ou desordens cardiopulmonares.
Terapia com Azul-de-metileno:
- dose inicial (adultos e crianças): 1 a 2 mg/kg/dose (0.1 a 0.2 ml/kg/dose) por via intravenosa durante 5 minutos com 30 ml de solução com eletrólitos de 4 em 4 horas.
Se o diagnóstico estiver correto, verifica-se melhoria logo após a administração.
Alternativamente, o azul-de-metileno pode ser administrado por infusão intraóssea, caso não seja possível a administração por via intravenosa.
Nota: podem ser necessárias doses adicionais.
- dose inicial (neonatos): 0.3 a 1 mg/kg.
- Exposição ocular: é rara.
No entanto, o NO é uma espécie fortemente irritante devido à formação de ácido nítrico que pode alterar as proteínas de forma permanente. Este processo ocorre de forma relativamente lenta e os danos permanentes podem ser evitados através de descontaminação imediata.
No processo de descontaminação, devem-se remover as lentes de contacto e os olhos devem ser irrigados com uma solução fisiológica (0.9 % em NaCl) ou água em abundância, á temperatura ambiente e durante, pelo menos, 15 minutos.
Caso a irritação, a dor, o edema, o lacrimejamento ou a fotofobia persistam após os 15 minutos de irrigação, o paciente deverá ser encaminhado para uma unidade de saúde onde deverá ser observado por um médico.
- Exposição dérmica/cutânea:
Nota: alguns compostos químicos podem sofrer absorção sistémica através da pele intacta, uma vez que têm a capacidade de penetração transcutânea.
Deve-se prestar especial atenção aos sinais e sintomas sistémicos que possam surgir eventualmente e, caso surjam, deve-se prestar tratamento.
Tratamento em caso de hipersensibilidade: corticosteroides tópicos ou sistémicos ou anti-histamínicos.
Referências
[1] ATSDR (2014). ATSDR - ToxFAQsTM for Nitrogen Oxides. Retirado de http://www.atsdr.cdc.gov/toxfaqs/tf.asp?id=396&tid=69#bookmark11 a 8 de maio de 2014.
[2] UNEP/ILO/WHO (1997). International Programme on Chemical Safety. Environmental Health Criteria 188: Nitrogen oxides. Retirado de http://www.inchem.org/documents/ehc/ehc/ehc188.htm a 24 de Maio de 2014.
[3] ATSDR (2014). ATSDR - Medical Management Guidelines (MMGs): Nitrogen Oxides. Retirado de http://www.atsdr.cdc.gov/mmg/mmg.asp?id=394&tid=69 a 28 de maio de 2014.
[4] Cogliano, V. et al. (2009). IARC Monographs. Retirado de http://www.iarc.fr/en/publications/pdfs-online/breport/breport0809/breport0809_IMO.pdf a 29 de maio de 2014.


